Clara Mafra
Clara Mafra | |
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Conhecido(a) por | antropologia da religião |
Nascimento | 28 de novembro de 1965 Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil |
Morte | 19 de julho de 2013 (47 anos) São Paulo, SP, Brasil |
Residência | Brasil |
Nacionalidade | brasileira |
Alma mater |
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Orientador(es)(as) | Otávio Velho |
Instituições | Universidade Estadual do Rio de Janeiro |
Campo(s) | Antropologia |
Tese | Na posse da palavra – religião, conversão e liberdade pessoal em dois contextos nacionais (1999) |
Clara Cristina Jost Mafra (Ijuí, 28 de novembro de 1965 – São Paulo, 19 de julho de 2013) foi uma antropóloga, professora e pesquisadora brasileira, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e pesquisadora da área de Antropologia da Religião, área na qual era referência.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Clara nasceu na cidade de Ijuí, no Rio Grande do Sul, em 1965. Em 1983, Clara mudou-se para Campinas, para cursar Ciências Sociais na Unicamp. Seu trabalho de conclusão de curso, em 1987, intitula-se "Coletivo Feminista de Campinas – um estudo de caso", sob orientação da professora Suely Kofes. Logo em seguida, Clara começou o mestrado, pela Unicamp, defendido em 1993, com o título "Autoridade e Preconceito – estudos de caso sobre grupos ocupacionais em Campinas", onde debateu sobre a classe média.[1]
Após a defesa do mestrado, Clara entrou para a equipe de pesquisadores do Instituto de Estudos da Religião, sob a coordenação de Rubem Cesar Fernandes, onde realizou pesquisa sobre os evangélicos na região metropolitana do Rio de Janeiro, que levou ao artigo "Gênero e estilo eclesial entre os evangélicos", levando em consideração a questão de gênero.[1]
Clara ingressou no doutorado, sob orientação de Otávio Velho, no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional (UFRJ), onde pesquisou sobre a expansão internacional da Igreja Universal do Reino de Deus em Portugal. Trabalhou na favela de Santa Marta, que resultou no artigo “Drogas e Símbolos – redes de solidariedade em contextos de violência”, em 1998, onde Clara reflete sobre a relação entre diferentes instituições e atores sociais, igrejas e grupo de narcotráfico. Em 2001, sua tese foi publicada pela Imprensa de Ciências Sociais, uma editora portuguesa, tornando-se livro de referência para estudos sociológicos e antropológicos sobre as religiões no contexto português.[1]
Pela Universidade de Aberdeen (2002-2003), Clara realizou estágio de pós-doutorado com Tim Ingold e na Universidade da Califórnia em San Diego trabalhou com Joel Robbins. Na Califórnia, Clara se aproximou da antropologia linguística na sua interlocução com a antropologia cultural, no que se convém chamar de "antropologia do cristianismo".[1]
Carreira
[editar | editar código-fonte]Desde 2000, trabalhava como professora associada do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), instituição que sediou o Grupo de estudos sobre cristianismo que ajudou a fundar e coordenou.[2] Também atuou como pesquisadora do Instituto de Estudos da Religião (ISER) entre 1993 e 1998. [2] Além das atividades docentes e de pesquisa, também realizou diversas atividades editoriais, tendo sido membro do corpo editorial do periódico Religion and Society: Advances in Research, da Revista Interseções e da revista Religião e Sociedade.[2]
Suas áreas de pesquisa se concentraram em temas urbanos, com ênfase na Antropologia do Cristianismo, especificamente do pentecostalismo [3], no Brasil[4][5] e em contextos transnacionais, com foco na África Lusófona.[6]
Morte
[editar | editar código-fonte]Clara morreu em 19 de julho de 2013, na cidade de São Paulo, aos 47 anos, devido a um melanoma.[7]
Em 2020, toda a sua biblioteca pessoal foi doada ao Museu Nacional, por iniciativa da família, que perdeu parte do seu acervo após o incêndio de 2 de setembro de 2018.[8]
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Religiões e Cidades. São Paulo: Terceiro Nome, 2009 (coletânea organizada com Ronaldo de Almeida). ISBN 978-8578160494
- Na posse da palavra - religião, conversão e liberdade pessoal em dois contextos nacionais. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, 2002. ISBN 978-9723827200
- Os Evangélicos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. ISBN 978-8571105935
- Autoridade e Preconceito – Estudos de Caso sobre Grupos Ocupacionais em Campinas. Dissertação de mestrado em Antropologia Social. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas.
Prêmio
[editar | editar código-fonte]Recebeu em 1990 o Prêmio FORD/ANPOCS pelo trabalho Homens, Mulheres e Mercadorias: ressonâncias da inflação nas concepções de trabalho e tempo livre em camadas médias de Campinas.[2]
Referências
- ↑ a b c d Claudia Wolff Swatowiski (ed.). «Um relance sobre a trajetória de Cláudia Mafra». Revista Intratextos. p. 129-134. Consultado em 15 de setembro de 2020
- ↑ a b c d Ramon Sarró (ed.). «Homenagem a Clara Mafra». Religião & Sociedade. Consultado em 15 de setembro de 2020
- ↑ MAFRA, Clara (2012). «O percurso de vida que faz o gênero: reflexões antropológicas a partir de etnografias desenvolvidas com pentecostais no Brasil e em Moçambique». Religião e Sociedade. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ MAFRA, Clara (2011). «A"arma da cultura" e os "universalismos parciais"». Mana. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ MAFRA, Clara (2011). «O problema da formação do 'cinturão pentecostal' em uma metrópole da América do Sul». Interseções. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ MAFRA, Clara (2000). «Relatos compartilhados: experiências de conversão ao pentecostalismo entre brasileiros e portugueses». Mana. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ «In Memoriam Clara Mafra». Asociación de Cientistas Sociales de la Religión del Mercosur. Consultado em 15 de setembro de 2020
- ↑ «Família de antropóloga do RS doa biblioteca particular ao Museu Nacional». G1. Consultado em 15 de setembro de 2020